Evoluir? Pra Onde?
Abordar o tema da evolução espiritual implica em fazer-se uso de algumas premissas fundamentais da natureza humana e de sua relação com o Universo.
O termo “evoluir” sugere indagações: evoluir de onde para onde? Ou, evoluir do que para o que? O que evolui no ser humano? Por que evoluir?
Independentemente de seu nível evolucional atual, o ser humano é integral em seu potencial divino. Todos os seus sete veículos (condutores da Vida em todos os planos), do mais denso ao mais sutil, estão presentes em sua constituição. A classificação abaixo é meramente didática, pois em seu conjunto o ser humano e indissolúvel, seus corpos inseparáveis e absolutamente integrados:
O corpo físico-biológico, objeto das pesquisas médicas e biológicas;
O corpo etéreo - rede receptora da energia universal da vida (prana), que mantém a vida orgânica; sede dos chacras e dos meridianos distribuidores desta energia a todo o organismo humano.
O corpo astral - sede das sensações, emoções e sentimentos de baixa frequência e pensamentos a eles associados.
O mental concreto - é a sede da razão, do raciocínio lógico; É onde se apoia o método científico.
Até este ponto, a capacidade humana de perceber-se é plena, pois é nestes corpos que se ancora a consciência do homem em seu atual estágio evolutivo. Neles concentra-se a personalidade ou ego, e todas as vicissitudes humanas são vividas, tratadas e sofridas nestes campos físico e anímico. Até aqui, os diferenciais do homem em relação ao animal são a sua mente, de complexidade incomparavelmente maior, seu livre arbítrio, bem mais independente dos instintos, e sua consciência egoica, muito mais desenvolvida que a consciência meramente instintiva dos animais.
Além dos veículos básicos, em que a consciência humana em seu estágio atual se apoia, os princípios ou veículos superiores tratados a seguir, que a consciência humana pouco alcança, e que apenas como fonte de vida estão presentes nos animais, constituem, no homem, o espírito. - (Note-se que o termo “espírito” tem aqui conotação diversa daquela utilizada por algumas filosofias espiritualistas, como o espiritismo, por exemplo):
O mental superior ou mental abstrato, reflexo da Mente Universal no homem;
O emocional superior, reflexo do Amor Universal no homem;
O Atman, o mais elevado princípio humano, o indivisível, reflexo da Essência Primordial no homem.
Estes veículos superiores são de essência divina e em nada diferem de suas contrapartes cósmicas. Como gotas de um oceano, o espírito humano é da mesma essência de seu Criador e da mesma essência de seus semelhantes.
O que está em cima é igual ao que está embaixo”..“O homem é feito à imagem e semelhança de Deus”... “Ame o próximo como a si mesmo”...– Frases gastas e mal entendidas, que só fazem sentido quando colocadas na perspectiva da Unidade Universal.
A multiplicidade e a diversidade na forma passam a existir a partir do espargimento cósmico do Espírito Uno. O livre arbítrio, as experiências humanas e as características genéticas condicionam a diversidade da personalidade do ser humano, mas não têm como alterar a unicidade dos atributos inerentes ao espírito individualizado no homem – os três veículos superiores - que são a fonte e o porto seguro da multiplicidade da personalidade humana.
Evolução espiritual não significa fazer o espírito evoluir. Não há o que ser aprimorado na fonte da própria perfeição. Evolução espiritual significa evoluir “em direção” ao espírito! Evolução espiritual é uma ampliação da consciência do ser humano que, obedecendo a um princípio, a um “chamado” universal cósmico, busca, mesmo que ainda de olhos vendados, abranger patamares cada vez mais elevados e sutis na hierarquia dos veículos que constituem o ser humano.
Evolução é a transmutação alquímica da energia (matéria) em consciência (no espírito).
E, esse processo evolucional, pela sua complexidade, pela diversidade de suas características individuais, pelas consequências do uso do livre arbítrio, e pela fatalidade de sua consumação integral ao longo da Existência, não poderia ocorrer em uma única vida.
Nos embates da Existência, onde a inconsciência deve ser vencida, a vitória final é certa. Mas conquistá-la pode impor muitas incursões aos campos de batalha.