O Lago da Vida
Como podemos julgar outras pessoas, se mal conhecemos a nós mesmos? Em verdade, julgamos o outro não pelo que ele é, mas pela forma como ele nos impressiona. Se nos agrada, é absolvido; se nos desagrada, é condenado. Nossas impressões sobre os outros são condicionadas pelos paradigmas criados pela nossa história, nossa cultura, nossa forma de entender a vida, a sociedade e as relações.
A forma como recebemos uma manifestação alheia diz mais sobre nós mesmos do que sobre aquele que se manifesta. Portanto, nossa reação ao outro é problema nosso! E, se nesta manifestação do outro houver qualquer tipo de maldade, o problema é de quem a manifesta.
Só podemos julgar e agir sobre o que podemos ter absoluto controle: nós mesmos. Não podemos mudar os outros, a não ser com exemplos. Mas, para dar o exemplo, temos primeiro que mudar a nós mesmos.
O que vemos nas outras pessoas pode ser um reflexo de como na realidade somos. Se não amamos a nós mesmos, vamos achar que ninguém nos ama. Se somos severamente críticos em relação aos outros, vamos crer que todos são severamente críticos em relação a nós. Se somos desonestos, todos à nossa volta parecerão desonestos também. E, se somos gentis e amáveis, veremos gentileza e amabilidade em todos os que nos rodeiam.
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Um dia chega à cidade um forasteiro e se dirige a uma senhora sentada num banco da praça:
-Estou pensando em me mudar para esta cidade. Como são as pessoas aqui? - pergunta o recém-chegado, ao que responde a senhora:
-Como são as pessoas em sua cidade?
-Ah, são muito desagradáveis, não gostam de fazer amigos e vivem perseguindo as pessoas; por isso mesmo é que quero me mudar.
-Aqui também - diz a senhora - as pessoas são muito desagradáveis, não gostam de fazer amigos e vivem perseguindo as pessoas.
E o forasteiro se foi, em busca de sua cidade ideal. Dias depois, outro forasteiro chega à cidade, e se dirige à mesma senhora no banco da praça:
-Como são as pessoas aqui?
-Como são as pessoas em sua cidade? - pergunta a senhora.
-Ah, são doces e amáveis, amigas e cordiais, muito sábias e caridosas.
-Aqui também - diz a senhora - as pessoas são doces e amáveis, amigas e cordiais, muito sabias e caridosas...
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A vida é como um grande lago. Ele reflete a imagem de quem olha suas águas. Quando olhar o lago da vida, não critique o lago; perceba seu próprio rosto, que está ali refletido, e sorria para o lago da vida... e, então, ele lhe sorrirá de volta!